23/11/2010

Defeitos

Os defeitos. Sinceramente, eu não sou focada em pontos negativos, beleza e muito menos em defeitos. Mas as pessoas são. Pessoas normais que me imploram silenciosamente por uma atitude também normal. Elas me dizem que os outros são ruins e os outros dizem que as pessoas não prestam e eu me confundo.

O meu defeito é esse, o de não querer enxergar os defeitos naqueles que amo. Principalmente se eu amo acima do meu próprio entendimento. Do meu defeito de não guardar rancor ou ressentimentos daqueles que me magoam.

De p
erdoá-los, mesmo que as lágrimas que cairam pelo meu rosto, tenham rasgado o meu coração. Ainda assim eu perdôo. Minha raiva é engraçada, me dizem. Mas eu não acho graça nenhuma.

As vezes, me sinto uma idiota. E acho que o amor é idiota, e só recebo amores idiotas. Amores que me magoam, me fazem chorar, me humilham, me desprezam, não querem me amar. E ainda assim eu os amo. Os quero, os tenho e não vejo os seus defeitos. Só amores idiotas...
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10/11/2010

Teddy-bear

Hoje acordei sem sentir.
Quando dei por mim meus olhos estavam abertos.
Mas não me recordo a visão.

O som do ventilador ainda vibrava em meus ouvidos,

só que essa noite ele não havia sido ligado.

Sentei, e esperei.

Esperei a sensação do desespero. Não veio.
Nem uma ânsia, nem um medo, nem dor.
Apenas não sentia.

Fiquei de pé. Mas meu cérebro continuava dormitando.
Tentei alcançar o interruptor,

mas tudo estava iluminado.

Já o havia apertado há tantos minutos.

Minhas roupas estavam no cabide a me esperar.
Lembrei que não sentia o toque do meu pijama.

Talvez também estivessem me esperando.

Resolvi sair do quarto.
Mas parei e observei.

...
Meu ursinho de dormir fora esquecido na fenda entre a minha cama e a parede.
Parecia gritar por socorro.
Mas eu não sentia.
Acho que também não ouvia.

Ou o meu ursinho não sabe falar.


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05/11/2010

Dias e mais dias!!

Os dias voam como meus pensamentos. Ontem achei que era hoje e hoje já penso que se foi. Eles navegam, cruzam mares e oceanos, flutuam nos rios dos sentimentos que atravessam o jardim da minha vida.
Os dias são vivos, adormecidos e pueris, mas vivos. Os meus não têm brilho, não tem ardor, ou dor ou amor, apenas uma sombra vaga daquilo que já fui e uma faísca de esperança daquilo que serei.
Os meus dias não tem você.

Um dia houve. Houve a alegria e a felicidade de ser amada. Houve um dia em que sofri por amor e não me arrependi.
Houve um dia em que me julguei sábia com as escolhas ruins que fiz, porque um dia o amor justificava os meus atos. Houve um dia que eu queria que você fosse meu, e hoje, mais um dia, desejo que esse desejo se acabe porque ele teima em permanecer aceso.


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Um dia, quem sabe eu não o realizo?!
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15/10/2010

Vontades

estou com vontade de ser tua. de um jeito banal e carinhoso. ouvir sua voz chamando o meu nome e correr descabelada até o portão. parar e respirar. abrir e sorrir.
estou com vontade de pular nos seus braços para um abraço sem graça. e perguntar de um jeito formal como você está. ficar parada à sua frente enquanto espero uma resposta e me reprimir silenciosamente por ser tão infantil.
estou com vontade de conversar coisas contigo. coisas tolas, coisas bobas, coisas à toa, coisas que te fazem rir e me deliciar com seu lindo sorriso.
estou com vontade de ser puxada de volta pros seus braços. e sonhar que sou amada.
estou com vontade de ter você por perto..

Volta logo!!!

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22/04/2010

Um dia


Um dia me reservei ao direito de viver. Respirei cada segundo do meu dia como se fosse o último, senti a minha alma se aquiescer com o toque do meu próprio amor e desejei ser amada por uma alma adormecida.

Um dia meu coração acordou indiferente, não queria sentir o sol e, ainda assim, se preocupou com as nuvens alaranjadas que se debandavam rumo ao horizonte. Preocupei-me em saber se elas conseguiriam chegar onde queriam.

Um dia minha mente estava vazia. Me senti rica naquele momento precioso... perder o vazio é mesmo empobrecer. Estava cheia de vontades e ânsias. Só não sabia do quê. O vazio não me permitiu decidir.

Um dia estava decidida a mudar. A ser eu mesma. Mas lembrei que não sou. Apenas faço sentido. E sorri, pela milésima vez, já que não me restava nada a fazer para mudar meu rélis destino.

Um dia eu precisei dançar. Meu peito apertava no compasso de Last Nigth. Meus pés se moviam devagar dentro do sapato alto. Minha cintura iniciava um vaivém de emoções. Tudo no ritmo envolvente da felicidade.

Um dia eu só queria ser feliz. Um dia... quem sabe!!!
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29/03/2010

Ontem

Ontem ele me ofereceu a mão e junto com ela um cuidado que eu não esperava. Eu chegara fadigada do longo dia que tivera e pela noite pouco dormida na qual ele também estivera envolvido. Com razão, ele tinha uma pequena culpa das minhas olheiras. Ainda assim eu não esperava.
Abraçou-me carinhosamente e me pôs junto ao seu peito, sem se importar com os outros que estavam ao nosso redor. Deixei-me levar pelo embalo de seus braços e senti seu perfume. Parecia que eu estava em casa. Era tão aconchegante que não tive vontade de sair de lá. Ele talvez tenha entendido que eu não estava realmente bem, apesar de que se ele conseguisse sentir os meus próprios sentimentos saberia que eu estava mais acalentada do que nunca.
Afastou o meu corpo do dele e olhou nos meus olhos. Resisti ao movimento e voltei a encostar nele. Sua voz quente começou a soar dentro de meus devaneios. Ele me perguntava como tinha sido o meu dia no trabalho, se eu havia passado raiva, muita, eu respondi, como foi minha aula.
Eu tinha inveja do nosso futuro...

(Texto iniciado em 26/02/10.. não concluído até hoje)


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24/03/2010

Sunrise


Era um sábado e era primavera. Saí do aconchego das cobertas e abri a janela. O sol começava a emergir das profundezas escuras e seu tom alaranjado intenso me deixaram com falta de ar. Gostei daquela sensação.

Vesti um casaco e saí pela porta da cozinha. O cheiro de café inundou minhas narinas, mas minha vontade de sentir aquele calor era mais forte. Andei pela vereda fina que levava ao cume do morro olhando fixamente aquela luz que parecia infinita.

Parei, respirei o ar penetrante e me acomodei na relva úmida. O sol com toda a sua intensidade parecia querer lavar minha alma. Queria me contar os segredos do universo e eu queria entender.

Naquele momento lembrei-me de Deus e do quanto Ele era grande. Meu coração doeu. Sentia saudades daqueles pensamentos. Lembrei dos meus tempos de inocência e do quanto a história do dilúvio me assustava. Acho que por isso não gosto de chuva.


Naquele momento, fiquei triste. A solidão que morava em mim era escura, fazia ninhos de melancolia e me davam ânsia de ser diferente. Mas, enquanto pensava no vazio que enriquecia minha alma, um raio de sol pousou na minha mão como uma carícia. Então eu pude perceber que Ele nunca me deixou sozinha. E que enquanto houver um nascer do sol, e enquanto eu tiver vida pra senti-lo, Deus estará comigo!


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25/02/2010

Esperando...

E a vida não é simples como ela acreditava. Um dia até chegou acreditar que seria pra sempre. Mas como dizem os legiões do passado, o pra sempre, sempre acaba. E foi o que aconteceu.


Entre idas e vindas, espinhos e tulipas, risos e coca-cola, acabou. Quase acabou com a alegria. Quase acabou com a inocência. E acabou com a ilusão. Solidão é o fim de quem ama, diz o poetinha. E Ana gritava em melodias que (quem sabe) um dia isso passe, sendo ela tão inconstante. Quem sabe o amor tenha chegado ao final.


Mas a vida continuava ao seu redor. E as pessoas continuavam sorrindo. E ela aguardava no portão olhando as estrelas no céu, que também sorriam. Ela não queria deixar a porta aberta e não queria olhar para trás, mas era inevitável não pensar na felicidade que tinha perdido. Então esperava.


A noite pesava em seu peito. Já eram dez e tal e nada. Os carros que passavam na rua lhe traziam um acender de esperança e o ronco do motor trazia a sensação de alívio. Mas nada. Ele mais uma vez não viria.



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