27/10/2008

Minhas Férias




Último dia de aula. Pulei do alto da escadaria e quase me esborrachei no chão. Ainda bem que sempre fui uma garota equilibrada. O susto passou rápido, era um dia feliz.
E os dias seguintes seriam mais ainda.
Muitos dos meus amigos comemoravam e os garotos mais velhos soltavam foguetes, literalmente, por terem passado de ano. Eu não. Eu sempre passei sem precisar suar. Não havia graça nisso.
A minha felicidade se chamava férias no interior.
Novo dia, zarpei cedo. Peguei o ônibus às oito no Piauí e as dez cheguei ao Maranhão, onde eu pegaria outra condução. Mal deu tempo de engolir o lanche já tinha que subir no “carro que vai pro interior”. Mais conhecido, pelo pessoal de fora, como pau-de-arara.
Cheguei à tardezinha naquele vilarejo, chamado Mimoso. Há um mimo naquela paz, nas pessoas voltando do riacho, de banho tomado e pés sujos de areia pela longa caminhada. O sol se apagando. E o escuro reinando. Ainda não era hora de ligar o motor pra acender as luzes.
Minha avó sentada lá fora, me espera. Dá um sorriso, dá um abraço, dá uma vontade de chorar.
Noite. Tomo um banho rápido na cacimba do quintal. Um privilégio pra poucos. Vamos “lá pra cima”. Lá tem luz a motor. Tem a cidade, e principalmente, tem uma televisão na praça, que só funciona na rede globo. A cidade se diverte. Os mais velhos vêem as novelas das seis, das sete, o jornal nacional e a novela das oito. A garotada brinca. Os jovens conversam. E os casais vão pra trás da igreja.
As novelas acabam. E as luzes se apagam. Hora de ir dormir.

Agora minhas férias começam. Vou pra fazenda Bezerro. A casa da minha mãe e do meu padrasto. Família reunida. Dela, as cinco. Dele, os três.
Acordo cedo. Corro pro curral. O tio tá tirando leite. Splash-splash. Corro pro poço. Escovo os dentes. Corro pra cozinha. Leite fervido e cuscuz fumegante.

Corro pro mundo que me espera lá fora.












Hoje estou com saudades.. da minha vida.. da minha infância.. das férias no interior.. da fazenda do tio.. da casa da vozinha.. da família que eu tinha.. da redoma de vidro.. que se quebrou com o tempo e com a dor. E já não há mais conserto.


Fico assim...




§


4 comentários:

Anônimo disse...

nossa!é real isso aí ?pq foi igualzinho a minha infancia!!eu adorava andar a cavalo e tomar banho de rio!essas coisas simples da vida e que da o maior prazer!!!

Anônimo disse...

Olá danna, escreves muito bem menina,gostei mto de sua história de vida.Moro no centro da cidad e sempre tive vontad de ir ao interior de meu estado, vivenciar estas coisas lindas que citaste!Abraço.

Anônimo disse...

Oi Danna muito bonito seu texto,é baseado em fatos reais rsrsrs.
Preciso ter aulas de redação contigo vc ultiliza muito bem
as palavras.
Parabéns!!
vem cá,tu ñ frequentas teu blog ñ menina...
bjs.

Paula § Danna disse...

Que bom que gostou, Dinha...
é só me falar que eu te ensino.. rsrsrrsr

costumo ficar por aqui durante a tarde..
entra aí pra hablar comigo..

bjuss no core!!