20/06/2009

Passado distante


Ás vezes construimos um sentimento que nem se pode nomear, mas se pode sentir de tal maneira que no fim vira um decifra-me ou te devoro! que consome todas as nossas ilusões e sorrisos.
Sempre me senti uma espécie rara nesse mundo tão padrão, porque nunca caí nas garras das atrações e paixões fulminantes. Nunca, em momento algum, me dei ao luxo de acreditar nas palavras de um homem, se elas eram dirigidas a minha pessoa, e muito menos me deixei levar por cantadas baratas ou mesmo as românticas.
O motivo da minha frustração?.. Amei aos cartoze anos, foi o primeiro, o puro (beijei ele umas pocas vezes) e o não correspondido...
Depois disso, deixei de me apaixonar, e passei a controlar o meu coração (outra coisa especial em mim), trancando indeterminadamente pra balanço.. foram três anos de dor, desilusão e amparo nas farras do mundo.. beijando apenas quem eu queria beijar, e curtindo só pra curtir!
Mas isso faz parte de um passado muito distante...
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" Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado"
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Amei outra vez aos dezessete.. pra quê?!
No ínicio foi só uma brincadeira, coisa de menina querendo passar o tempo..
Mas foi ficando mais forte a medida que eu sentia falta dele, de não vê-lo sorrindo pra mim, e mais ainda de não ter a atenção que eu almejava muito... Mas, o maior problema, foi que ele acabou se encantando por mim (porquê homens são tão bobos??) e acho que a afeição que eu sentia acabou se misturando com a vontade de fazê-lo feliz...
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PAUSA
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Segundo o dicionário, "Amor é um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem do outro".
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CONTINUA
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Pronto.. comecei a amar ele
Só que pra amar você deve sofrer... Acabou não dando certo... Acabou antes de começar.
Este amor foi o segundo, o puro (nunca nos tocamos) e repleto de contradições...
Mas esse é um passado distante!
Hoje...
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05/06/2009

Reflexos

Às vezes me olho no espelho e tenho a sensação de estar olhando pra outra pessoa. Sim. Esta não sou eu! Este rosto triste que eu vejo não é meu. Mas quando fecho os olhos eu me encontro.


Ela é bonita. Ainda que tenha algumas cicatrizes, umas feridas que foram abertas recentemente, e muitas manchas. Mas são apenas marcas de quem viveu intensamente. Essa garota que vejo é especial. Tem um sorriso especial pronto a oferecer a quem lhe faz bem.

Essa menina bonita gosta de ser. Não apenas de fazer sentido. Ela é. Essa menina que chora quando a ignoram. E ri quando está sozinha, porque sabe que a solidão é amiga. Essa menina sabe que o escuro guarda medos, mas está sempre pronta para enfrentá-los com a alegria de quem vai encontrar o pôr-do-sol pela manhã.

Ela é forte e corajosa como um potro selvagem. Mas vem comer na mão daquele que lhe oferece um carinho. É como um anjo que caiu e não tem sossego. Quer seu par de asas de volta para poder voar e ser livre. Essa menina é mais que uma simples vontade. É o anseio de vida que jorra em meu coração.
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Um dia, ela me contou que conhece os segredos mais profundos da minha alma. Conhece minhas vontades e minhas verdades. Ela conhece o que sou. E se conhece. E tem um laço de fita na cabeça e diz que é para não esquecer que é amada. Tola. Nisso ela é tola. E sabendo que é tola (já que se conhece), diz que o amor não vem de fora. O amor está além dela.E ela sempre está certa.


Sim, ela tem defeitos. Ela é impulsiva. Fala o que não deve. Fala demais, mas tem muita coisa a dizer. Fala tanto que às vezes é incompreendida. Chora alto e soluça entre as frestas da barreira que nos separa. Mas eu sempre a consolo e digo que tudo vai ficar bem. Gosto de chamá-la de meu amor, nesses momentos. Ela apenas ri, como se a vida fosse tão fácil.


Deus a conhece. Ele Mesmo a criou e quis ser amigo dela. Tem sentimentos de paz ao seu respeito e a presenteia com o melhor. Deus a compreende como nenhum outro, até mesmo eu. E Ele é o único que tem acesso ao centro do seu coração.


Essa garota, que nunca vai crescer, sou eu. Mas não é o eu que vejo em meu reflexo. Ela só pode ser conhecida por aqueles que pararam um dia e resolveram olhar pra mim. Não para o meu rosto. Não para o meu corpo. Mas para o meu espírito. Um dia, se sentir vontade de conhecê-la, olhe nos meus olhos e sinta o meu sorriso. E lá estará ela, a bela menina de laçarote na cabeça e sorriso encantador, com o coração batendo apressado, e feliz com a possibilidade de amar e ser amada.





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02/06/2009

Bicicleta


Andava de bicicleta como se fosse a primeira vez. Cambaleava e pensava. Pensava pela milésima vez. Lembrou do dia que conheceu o garoto da mente bonita. Não sabe de onde ele veio, quem ele poderia ser, mas o ouviu falar. E se apaixonou. Virou a esquina.
Paixão... ela ainda não sabia o que era isto. Mas sabia que gostava de ouvi-lo falar. Gostava da mente dele. Das piadas sem noção e do riso alegre.
Ela gostava... mas não sabia o que era paixão. O sinal fechou. Parou. Sorriu. Lembrou de suas palavras bonitas e quis aprender a falar bonito. Queria impressioná-lo. Queria conquistar a sua confiança. Ansiava ter o seu coração... mas não sabia.
Só sabia que gostava de ter sua atenção. Gostava do seu toque. O sinal abriu. Continuou a andar. Cambaleou com a lembrança. Toque. Gostava mesmo do seu toque. Se sentia segura quando ele a abraçava. Chegou onde queria.
Se era paixão, ela não sabia. Mas gostava de chamá-lo de amor quando estava só.




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